O apoio psicológico com crianças: em que circunstâncias e em que consiste
Será o apoio psicológico só para crianças com problemas de comportamento? Não. Apesar de as crianças consideradas como problemas de comportamento serem aquelas que despertam mais à atenção dos pais/professores e, por isso, serem mais frequentemente encaminhadas para acompanhamento psicológico, as crianças mais introvertidas e tímidas também podem necessitar de apoio psicológico. A diferença principal deve-se ao facto de o comportamento inadequado dessas crianças poder ser como uma espécie de sintoma, chamada de atenção ou reflexo de algo mais complexo e complicado do que se passa com a criança, ou no meio que a rodeia, enquanto as crianças mais introvertidas e tímidas têm tendência para interiorizar o que sentem, não “deitando cá para fora” como as outras crianças.
Apesar de passarem mais despercebidas, estas crianças podem estar a passar por um grande sofrimento interior, podendo conduzir, mais tarde, ainda na infância, na adolescência ou na idade adulta, a outras problemáticas do foro psicológico, como depressão, ansiedade, entre outras. Por vezes, estas crianças têm tendência a fechar-se em si mesmas e em ficar à margem das outras crianças, visto não se sentirem confortáveis em grupos. Estes comportamentos, quando observados constantemente, podem ser indicadores de baixa auto-estima e de insegurança que a criança sente em relação a si própria. Quando expostas a determinadas situações, como falar em frente à turma ou de um grupo, podem gerar elevados níveis de ansiedade e stress, que devem ser tidos em consideração, quer pelos pais quer pelos professores, podendo ser indicadores da necessidade de a criança iniciar apoio psicológico
De um modo geral, qualquer comportamento que a criança manifeste com muita frequência, de forma muito intensa, que já dure há algum tempo e que tenha um impacto negativo no dia-a-dia da criança, poderá ser um importante indicador de que a criança necessita de apoio psicológico. Neste tipo de comportamentos incluímos, agitação motora, tristeza, desatenção, ansiedade, tristeza, dificuldades no relacionamento com os pares, desmotivação, oposição…
Por outro lado, existem acontecimentos significativos para a criança que podem provocar alterações comportamentais/emocionais, mais transitórias ou duradouras, que também poderão ser alvo de intervenção a nível psicológico, como o divórcio dos pais, perda de um ente querido, não adaptação a uma nova escola, retrocessos em termos de desenvolvimento…
Por isso se considera que o seu poderá estar a precisar de apoio psicológico, não hesite em procurar um técnico especializado que o ajudará a esclarecer as suas dúvidas.
Mas, uma vez verificada a necessidade de se iniciar um apoio psicológico com uma criança, este consiste em quê? O psicólogo vai só brincar com a criança? De facto, durante o processo de Apoio Psicológico com a criança, o brincar é muitas vezes utilizado como ferramenta para se conseguir criar e estabelecer, mais facilmente, uma relação de confiança com a criança. Também com os jogos, as histórias e os desenhos, ajudam a estabelecer essa relação, visto que nos permitem falar na “linguagem da criança” e assim trabalhar e desenvolver o que se quer alcançar com o Apoio Psicológico. No entanto, uma intervenção a este nível vai muito além de brincar ou desenhar. Consoante a problemática em causa, são estabelecidos objetivos terapêuticos que são alcançados com o recurso a diferentes estratégias terapêuticas, estudadas e verificadas como adequadas para intervir com crianças, ajudando-as desenvolver competências para ultrapassar as dificuldades que estão a sentir num determinado momento.
Ao longo deste processo terapêutico, os pais são também envolvidos, visto serem fundamentais para que o Apoio Psicológico seja realizado com sucesso. O envolvimento dos pais consiste, essencialmente, em estarem a par do trabalho desenvolvido com os seus filhos, ao longo das sessões, e em serem partilhadas estratégias que os poderão ajudar em casa a lidar com as dificuldades que vão sentindo com o seu filho. No entanto, não é de estranhar que o psicólogo não partilhe com os pais as coisas que o filho diz nas sessões, pois também os processos terapêuticos com crianças estão protegidos pela regra da confidencialidade, pois desta forma a criança sentir-se-á mais à vontade para partilhar os seus sentimentos/pensamentos, sem ter receios de que fiquem tristes ou zangados com ela. Ainda assim, o psicólogo partilhará com os pais todos os aspetos que considerar que, de alguma forma, colocam a criança ou outros em risco e que sejam partilhados pela criança nas sessões.
Na Associação Crescer com Sentido, na área da Psicologia, pretendemos ajudar as crianças e as suas famílias a lidar com as diferentes dificuldades, a nível emocional e comportamental, que surgem e com as quais nem sempre conseguem lidar, sejam problemas de comportamento ou fragilidades noutras áreas. Por isso não deixe de contactar uma das nossas psicólogas se considera que o seu filho pode estar a precisar de ajuda a este nível, teremos todo o gosto em o ajudar.
Ana Sofia Lourenço
Psicóloga Clínica e da Saúde
Associação Crescer com Sentido